terça-feira, 26 de abril de 2011

Lágrimas ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras
em que ri e cantei, em que era q'rida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das Primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Nada fazer

"Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho… o de mais nada fazer”

* Clarice Lispector *

quarta-feira, 13 de abril de 2011

"Se não for pra me fazer voar bem alto, então nem tire meu pés do chão..."
Eu quero tudo pra ontem. Por que esse imediatismo me persegue?
Porque quando eu não gosto, eu não gosto. E por que quando eu gosto, eu amo!
Calma... Detesto que peçam pra ter calma. Isso me causa o efeito contrário.
Eu gosto das músicas mais profundas, das flores mais exóticas e dos textos mais estranhos.
Eu preciso de atenção. Tenho necessidade extrema por carinho. A indiferença de quem eu amo me enlouquece.
Relaxa... Só com uma taça de vinho, música e uma certa voz ao pé do ouvido.
Amo, amo, amo! Eu amo amar alguém! Estar apaixonada é a forma mais plena de se viver a intensidade.
Intensa... Essa é a minha palavra!
Brigas? Daquelas de "nunca mais quero te ver!"
Reconciliações? Daquelas que os corações se aproximam tanto, a ponto de parecerem um só.
Paixões... Viveria para o meu trabalho. Morreria pela minha dança. E largaria os dois pelo meu amor.
Paciência... Peço a Deus todos os dias por isso. E rápido!
Sempre ter o controle. Sempre agir por impulso. Sempre ser perfeita. Impossível...
Pé no chão... Necessário, mas não fundamental.
Eu quero um amor de filme...
Desejar voar até o céu. Querer tanto o amor a ponto de sufocá-lo. Transformar amigos em irmãos.
E quando uma criatura dessas resolve amar alguém igual?
Explosões... Explosão de amor, de paixão, de carência... Explosão de insegurança, de acusações, de loucuras...
Confusões e certezas... Desejos ardentes e urgentes. To be or not to be? That is the question...
Amar menos? Querer menos? Sofrer menos? Não não, isso significaria também viver menos.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Aprendi que amores eternos podem acabar em uma noite, que grandes amigos podem se tornar grandes inimigos, que o amor sozinho não tem a força que imaginei, que ouvir os outros é o melhor remédio e o pior veneno, que a gente nunca conhece uma pessoa de verdade, afinal, gastamos uma vida inteira para conhecer a nós mesmos, que os poucos amigos que te apóiam na queda, são muito mais fortes do que os muitos que te empurram, que o "nunca mais" nunca se cumpre, que o "para sempre" sempre acaba, que minha família com suas mil diferenças, está sempre aqui quando eu preciso, que ainda não inventaram nada melhor do que colo de mãe desde que o mundo é mundo, que vou sempre me surpreender, seja com os outros ou comigo, que vou cair e levantar milhões de vezes, e ainda não vou ter aprendido tudo.